quarta-feira, 9 de julho de 2014

Subindo o Monte Sinai

Um outro momento marcante da nossa viagem foi a subida ao Monte Sinai, também conhecido como Monte Horebe ou “Jebel Musa”, que significa “Monte de Moisés” em árabe.

Foi no Monte Sinai que Deus falou com Moisés na sarça ardente, para que libertasse o povo de Israel do cativeiro no Egito. Foi também neste monte que Moisés presenciou a glória de Deus ao lhe entregar as tabulas de pedra com os Dez mandamentos, que foram escritas pelo próprio Deus. Foi também ali, próximo à base do monte, que o povo cansado com a demora de Moisés no cume, pediu a Arão que fizesse um bezerro de ouro.

Impossível descrever a emoção de estar neste lugar. Vem à mente muita coisa e por alguns momentos, parece que estamos sentindo aquilo que o povo de Israel vivenciou ali.

O Monte Sinai fica a aproximadamente 300 km Sharm el Sheikh, onde estávamos hospedados. Uma van nos pegou no Hotel por volta das 20:00 horas do dia 24/01/2014 e seguimos estrada afora em meio à escuridão do deserto. Passamos por várias barreiras policiais e ouvíamos nosso guia falar em árabe com os soldados e algumas vezes um deles entrava na van para conferir nossos passaportes e então podíamos seguir viagem.

Chegamos à base do monte por volta da meia noite e o frio era absurdo, imagino que menos de 0 grau. A escuridão era total e não víamos nada além do que alguns metros.

No local de desembarque, havia várias outras vans que trouxeram outros turistas, dos mais variados países do mundo e pra variar, muitos russos e europeus.

Munidos de calçados e roupas confortáveis, lanternas, água, iniciamos nossa caminhada em meio à escuridão. 


Um guia beduíno local se juntou ao nosso guia, pois é necessário saber bem o caminho e nada melhor do que quem vive lá. 




Sabíamos que a jornada não seria fácil, mas não tínhamos muita noção, pois a escuridão era total e não víamos a dimensão do caminho à nossa frente. Mas dava pra sentir que a subida era íngreme, com muito cascalho e pedras.

O Monte Sinai tem 2285 metros de altitude e a trilha para chegar ao cume tem cerca de 7 quilômetros. 


Durante todo o percurso dividimos espaço com camelos e seus donos beduínos, que ofereciam seus caros serviços para aqueles que, exaustos pelo cansaço, desistissem de seguir a pé e optassem pelos camelos, que por sinal estão muito bem acostumados a subir e descer o monte Sinai.


Três pessoas do nosso grupo, nossos amigos Joilton, Jonailton e Cristiane fizeram parte do trajeto de camelo, pois não estavam sentindo-se bem. 



O restante ficou firme, encarando como desafio subir o monte a pé.

E lá estava o Vitor, que para mim foi uma grande surpresa sua energia e disposição.  Ele tem ainda algumas dificuldades de equilíbrio e nossa grande preocupação seria ele escorregar, desequilibrar no cascalho e cair... Meu marido segurou firme na sua mão durante todo o trajeto e graças a Deus tudo correu bem. A minha mãe também demonstrou uma força enorme. Ela tem 64 anos e problemas no joelho, mas também conseguiu seguir em frente e concluir todo o trajeto.

Até hoje ouço na minha mente os beduínos dizendo “Camel is good”, “Good is Camel”. Durante todo o percurso, foi a frase que mais ouvimos. Eram dezenas de beduínos com seus camelos e o tempo todo ofereciam os seus serviços.

Paramos para descansar em alguns pontos do trajeto. Após os 7 km de caminhada, chegamos num ponto que teríamos que subir 750 degraus de pedras irregulares e escorregadias para se chegar ao cume. Daquele ponto em diante os camelos não seguiam adiante... Ufa!! Segundo a tradição, foi neste ponto que Arão e os 70 ancião ficaram aguardando enquanto Moisés subia ao cume. Dizem também que ali próximo há uma caverna que foi o “retiro de Elias”, onde o profeta ficou em comunhão com Deus, após caminhar 40 dias e 40 noites até chegar em Horebe, o Monte de Deus (I Reis 19,8)

Como já estávamos exaustos, não foi fácil subir estes 750  degraus, mas graças a Deus conseguimos e chegamos ao topo poucos minutos antes do sol despontar seus primeiros raios. 


Foi um momento incrível, pois pudemos admirar a beleza singular daquele lugar e refletir sobre a sua importância. Já passava das 06:00 horas da manhã, o que significa que levamos aproximadamente 6 horas para o percurso de subida. Geralmente o tempo é menor, mas como estávamos em 12 pessoas, fomos num ritmo mais tranqüilo e com algumas paradas para recobrar as energias.

Segundo o relato bíblico, “Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo;  a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o clamor da trombeta ia aumentando cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia no trovão” Êxodo 19:18 e19

Desfrutamos daqueles momentos no cume do monte Sinai com muito respeito e admiração. Muitas pessoas trazem papeizinhos com pedidos e agradecimentos e ali depositam, mas nós preferimos falar com Deus em pensamento e agradecer por aquela dádiva tão especial, de estar ali, num lugar que fora tão sagrado e singular.


Eu e meu esposo Fernando no cume do Monte Sinai. Havia neve em alguns pontos ao redor...

A localização exata do Monte Sinai é incerta, mas a tradição aponta para esse Monte, que está de acordo com a narrativa bíblia.  Eu acredito que a identificação desse local, assim como também do local do nascimento de Jesus e também sua crucifixão, se deve às informações passadas oralmente dos pais aos filhos e assim, ao longo das gerações, as informações não se perderam. Como o povo de Israel poderia se esquecer de momentos tão relevantes vividos pelos seus antepassados? Se esquecer da peregrinação pelo deserto,  da passagem pelo mar vermelho e de tantas outras circunstâncias que Deus os protegeu e livrou? Por mais que muitos se desviassem e se esquecessem de passar adiante as ações miraculosas de Deus, sempre haveria alguns leais, que seguiriam a orientação “...contarás a teu filho, dizendo: É isto pelo que o Senhor me fez, quando saí do Egito. E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito” Êxodo 13:8 e 9


Ficamos cerca de 1 hora no cume do Monte Sinai, que conta com uma pequena capela da “Santíssima Trindade”, construída sobre as ruínas de  uma igrejinha bem antiga.


Após vivermos esses momentos únicos e inesquecíveis, iniciamos a descida, só que diferente da subida, já era dia e podíamos admirar toda a grandiosidade daquele lugar. 


Nosso grupo não desceu junto, pois cada um tinha um ritmo diferente e como haviam muitas pessoas fazendo o mesmo trajeto, seria difícil alguém se perder. 


Meu filho Bruno e minha irmã Midia descendo o Monte Sinai

Os meninos estavam com gás total e junto com meu marido, decidiram encurtar caminho, descendo por uma encosta mais íngreme em meio às pedras.Um guia beduíno avisou "path no good, path no good" (caminho não bom, caminho não bom). Mas eles queriam aventura e foram assim mesmo... E o Vitor era o mais empolgado pela aventura...

Minha mãe, apesar do joelho doendo, ia alguns metros na minha frente. Eu fui mais devagar e com cuidado, pois vez ou outra derrapava nas pedras e como ainda não tinha sarado de uma distensão que tive na coxa pouco antes de viajar, não quis arriscar piorar a situação.


Durante a descida, encontrei várias crianças beduínas, que ofereciam souvenires de pedras polidas do Monte Sinai.


Eu descia pensando e meditando em tudo que aconteceu ali no passado... Recolhi algumas pedrinhas do chão e trouxe comigo, para guardar como recordação daquele lugar tão especial.


Por volta das 10:00 - 10:30 da manhã cheguei à base do monte e encontrei os meninos, meu marido, minha irmã, minha mãe que chegaram um pouco antes.


Na base do Monte Sinai fica o Mosteiro de Santa Catarina, que foi construído entre os anos 527 e 565, a pedido do Imperador bizantino Justiniano I. Esse mosteiro foi erguido ao redor de uma pequena capela, esta construída anos antes a pedido de Helena, mãe do imperador Constantino que convertera-se ao cristianismo. 


E ficamos junto ao mosteiro, aguardando nossos amigos Joilton, Jonailton e Cristiane, que desceram o monte mais devagar, pois a caminhada exigiu muito esforço físico e o Joilton estava com a perna machucada, devido um incidente ocorrido ainda aqui no Brasil.

O Mosteiro leva o nome de "Santa Catarina" em homenagem a uma jovem do século IV, que veio de Alexandria e converteu-se ao cristianismo e por causa disso, foi perseguida e morta, mas antes disso, seu testemunho de fé e devoção influenciou muitos pagãos a tornarem-se cristãos.  Segundo a lenda, suas relíquias foram levadas por anjos para o mosteiro do Sinai.


Até hoje ainda  existe a planta que segundo a tradição, é a sarça ardente que Moisés viu no deserto e por meio dela falou com Deus.


Próximo dali vimos o local onde o povo de Israel teria adorado ao bezerro de ouro, quando Moisés demorava para descer do cume do monte. É incrível, pois é possível notar a forma de uma bezerro esculpida em meio à paisagem natural das rochas..

Depois seguimos para um pequeno hotel, aliás o único da região, onde foi servido um desjejum. Parecia um hotel fantasma, velho e decadente...


Nosso grupo foi o último a sair da região do Monte Sinai e quase perdemos o horário, pois há portões de controle com horários pré determinados e nosso guia teve que ser muito insistente para conseguir liberação após o fechamento desses portões. Graças a Deus conseguiu e pudemos seguir viagem de volta a Sharm el Sheikh e chegamos em paz e segurança.

Com toda certeza esse dia foi um dos que ficarão na minha memória para sempre... Jamais esquecerei, pelo seu significado e por tudo que aconteceu ali.



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